Conservador hoje, progressista amanhã: pensamentos sobre o neoconservadorismo

Saudações, forasteiros!
Eu estava escrevendo uma thread sobre esse assunto no meu Twitter, e percebi que talvez seria um assunto interessante publicar no Medium, ainda que seja curto.
Ao menos eu espero que seja curto.
Eu evitei esse tempo entrar em conflitos desnecessários, pois eu estava literalmente sozinho no terreno do inimigo quando tratava desses assuntos em vídeos no Youtube. Sabemos como o Estado e a sociedade trabalha contra nós que temos um pensamento mais independente, e eu prezo pela minha paz, minha privacidade, e também não tenho vocação pra ser mártir.
Isso aqui, senhores, é uma missão solitária, e um dia pretendo dá-la como cumprida. Até o momento, eu sinto que ainda preciso clamar nesse deserto um pouco mais.
Mas vamos, lá, vamos falar sobre os liberais conservadores, ou neoconservadores, que é a alcunha mais conhecida.

Não é de hoje que eu digo que neocon, liberal conservador, é apenas um espantalho para evocar algum tipo de legitimidade aos que se dizem ser os verdadeiros conservadores, e descredibilizar seus desafetos que não seguem sua cartilha.
Como já disse e reafirmo, conservadores são o fronte do progressismo ideológico. São eles que pavimentam a estrada para as revoluções culturais. Não me interessa o que dizem na teoria como “ser conservador é ter ceticismo político”. Na teoria até o socialismo pode parecer bonitinho, basta fazer o que eles já fazem — uma narrativa humanista e emotiva.
Não me interessa como categorizam os conservadores e os neocons, ou suas diferenças. Uma folha em branco aceita qualquer coisa! O que você escrever ali o papel não vai te criticar. Então, o que pra mim interessa não é a teoria, e sim a prática, o que eu vejo acontecer.
O intuito era para que, supostamente, houvesse essa dicotomia, essa oposição. Quando na verdade nunca houve oposição. A esquerda e a direita brigam como marido e mulher.
A mulher (representando a esquerda) grita com o marido (o conservador) que se posiciona como um machão, dizendo que não vai dar aquilo que a mulher quer.
Daí, só aí, no final ele cede e diz que só cedeu porque foi vontade dele pelo bem maior da sociedade.
A conservadorismo se comporta como um marido submisso, onde a esposa progressista suga seus recursos, e quando ela finalmente suga tudo e não tem mais o que fazer, o marido submisso vai lá se matar pra consertar os seus erros.

No final os dois são farinha do mesmo saco, e os únicos que acreditam nessa falsa dicotomia são os que acreditam nas narrativas humanistas e messiânicas dos políticos.
Então, sim, eu afirmo, esquerda e direita são a mesma coisa.
E antes que me acusem de ANCAP, eu também não vejo qualquer esperança no libertarianismo ou em qualquer sistema mágico com promessas de consertar o mundo. No futuro os debates serão entre alas que querem dar direitos humanos para robôs e os conservadores que não querem. É realmente como ver uma eterna briga entre Zeus e Era.
Eu também já disse que o Patriarcado é uma ferramenta cultural que sempre culminará no Matriarcado. Da mesma forma ocorre com o conservadorismo que prepara o caminho do progressismo ideológico.
O conservadorismo e o patriarcado caminham juntos, pois os dois são verossimilhantes na submissão. Os dois são a ferramenta que resultará numa sociedade socialista e matriarcal.
O patriarcado não vê o homem como um ser humano, mas o vê como uma ferramenta de construção e sustentação da civilização. Uma peça na engrenagem mesmo. É por isso que tanto sangue masculino é derramado em tempos de patriarcado.
E depois que uma tonelada de homens morrem em guerras, ou morrem de tanto trabalhar na construção da sociedade, o que acontece? Os homens da elite, que usufruíram do sangue dos homens das classes mais baixas, começam a entregar toda conquista nas mãos daqueles que em nada se coçaram para construir a sociedade.
Tiram a autoridade do pai de família, e concentra isso no Estado, e quanto mais prosperidade e estabilidade econômica, mais dinheiro sendo derramado na mãos dos irresponsáveis.
E isso vai acontecer até o próximo colapso, onde então, os irresponsáveis vão começar a empurrar os responsáveis (homens) pra reconstruir o que eles destruíram, num ciclo sem fim.

Aí os trouxas vão lá reconstruir a sociedade que os irresponsáveis destruíram. Volta o patriarcado severo, coloca tudo nos eixos, e o ciclo se repete, com o igualitarismo, antropocentrismo desmedido, matriarcado, e bla bla bla.
Então, o conservadorismo surge como uma flâmula da vontade do homem tradicional na política, e por isso vemos elementos tradicionais no conservador. Só que, aonde está esse tradicionalismo hoje? O tradicionalismo hoje é uma xerox mal feita da geração anterior, e a próxima geração será uma xerox mal feita da geração atual.
E não interessa se o governo é conservador ou se é socialista, o resultado será sempre o mesmo. O conservadorismo segue pavimentando a estrada do socialismo.
É por isso que eu digo que neoconservador ou liberal conservador não existe. O que existe são conservadores mesmo. E eles vão se readequando conforme a sua esposa dominante, o socialismo, vai dizendo pra ele o que fazer.

Esse termo neoconservador foi cunhado por causa de uma suposta subversão do conservadorismo teorizado por Trotsky e implementado por sionistas.
Como fiz anteriormente, eu coloco muitas ressalvas nisso. Não estou dizendo que está errado, mas também digo que isso pode ser uma busca pela culpabilização de alguém. Faz parte das narrativas ideológicas criarem o grande vilão.
O conservadorismo já era criticado por fundamentalistas antes mesmo de Trotsky, e desse nome neocon existir.
Um exemplo disso é Robert Lewis Dabney: teólogo, arquiteto e educador presbiteriano. Ele fazia severas críticas ao conservadorismo que cada vez mais deixava as mulheres adentrarem naquilo que era vocação do homem, segundo ele. E isso ocorreu antes de Trotsky ter bigode.
Robert também era a favor do direito bíblico da escravidão (coisa que já vi libertários discutirem se a escravidão seria ética em casos de reparação, ou de troca voluntária). Ele também se colocava contra ensino público, e contra taxar os trabalhadores brancos para dar uma educação de fachada para os filhos dos negros alforriados.
Da mesma forma tecia críticas contra o governo democrático que se formava interferindo na economia e na vontade do cidadão sulista. Enfim, o cara tinha opiniões bem radicais já naquela época imagina nos dias de hoje!
Então vamos ver o que ele falaria sobre o conservadorismo, que por ser do sul, ele chamou de conservadorismo do norte.
“Pode-se inferir novamente que o atual movimento pelos direitos das mulheres certamente prevalecerá a partir da história de seu único oponente: o conservadorismo do norte”
Pausa pra um comentário. Esse profeta, estava dizendo, lá no meado do séc. XIX que o conservadorismo ia fazer o movimento das mulheres prevalecer. E quem eram essas mulheres? Viúvas e filhas de homens ricos, que, com o dinheiro que herdaram, utilizaram dele como influência social para estabelecerem o poder feminino na política.
Onde vimos isso ocorrer antes? Ah, sim! Com as protofeministas da Europa do século XIV. Conservadores não deveriam olhar a história e aprender com ela?
“Este é um partido que nunca conserva nada. Sua história se resume em rosnar como um cão para cada investida do partido progressista, dessa forma se afirmando como oposição, para, no final, concordar com a inovação.”
Vamos ao meu comentário. Foi o que eu disse anteriormente: o conservador se comporta como o marido que tem apenas uma dominância de fachada, quando na verdade é um submisso a esposa.
Ele se coloca como oposição a alguma coisa que ele não concorda com a sua patroa, mas no final ele concorda com ela, e ainda diz que só concordou porque viu alguma razão no que ela disse, e dessa forma não passar a vergonha da imagem de submisso que ele é de verdade.
Prosseguindo com a leitura.
“Tal qual foi a novidade resistida de ontem é hoje um dos princípios aceitos do conservadorismo; agora é conservador apenas o efeito de resistir à próxima inovação, que amanhã será forçada a sua timidez, e será seguida por alguma terceira revolução; ser denunciada e combatida, e, por fim, adotada por sua vez. O conservadorismo americano é apenas a sombra que segue o radicalismo à medida que avança em direção à perdição.”
Mais um ponto acertado de Dabney. Vou traduzir o que ele disse dando um exemplo prático.
O conservador de hoje rejeita o aborto. Mas lá em 2030, quando o aborto for legalizado em todo o mundo, o conservador vai começar a apoiar essa revolução, mas se opor a alguma outra inovação progressista em debate em lá da próxima década.
Como diz o Raccooning Raccoon, e diz muito bem, “o conservador tem fetiche no fracasso”. E é isso que Dabney está dizendo aqui.
O conservador de hoje não move um dedo para se posicionar contra o divórcio, por exemplo. Inclusive são esses mesmos ditos conservadores que mais se divorciam e casam novamente.
Temos aí exemplos de políticos conservadores que se casaram 3 vezes. Aclamados como legítimos cristãos-conservadores, levantados por Deus para salvar o Brasil, e quem diz isso é o que chamam de conservadores no Brasil.
Voltando a leitura.
“Este conservadorismo permanece atrás, mas nunca retarda o progressismo, e sempre avança perto de seu líder. Sua impotência não é difícil, de fato, de explicar. É inútil, porque é apenas o conservadorismo da conveniência, e não do princípio sólido. Não pretende arriscar nada sério por causa da verdade, e não faz ideia de ser culpado da sua própria loucura e tormento.”
O que o Dabney diz aqui corrobora com o que eu falei sobre a frase do Raccoon “o conservador tem fetiche no fracasso”. Ele mesmo gera o seu próprio sofrimento, mesmo sem ter consciência disso.
Temos inúmeros exemplos disso. Quando o conservador consentiu o voto feminino por exemplo, ele colocou a tampa do caixão na família tradicional, essa que ele diz até hoje lutar pela mesma.
“Sempre que está prestes a entrar em um protesto, o conservador informa suavemente a fera cujo caminho ele pretende interromper, que “o seu latido é pior do que a mordida”, e isso apenas significa salvar suas maneiras ao desempenhar seu papel aparentemente decente de resistência.”
“O único propósito prático que agora serve na política americana é dar ao radicalismo trabalho suficiente para mantê-lo em uma certa evidência, a fim de impedir que ele se torne um obeso preguiçoso que não tem mais nada para chicotear.”
Essa parte aqui é o fechamento com chave de ouro, forasteiro. Presta a atenção!
“Sem dúvida, depois de alguns anos, quando o sufrágio das mulheres se tornar um fato consumado, o conservadorismo irá aceitá-lo tacitamente em seu credo, e daí em diante se dedicar à sua sábia firmeza em opor-se a armas semelhantes aquilo que seja extremo ao sufrágio.”
Senhores, experimente se colocar publicamente contra o sufrágio universal. Eu sei o que ocorre, pois aconteceu comigo, com o Raccoon, e com todos os outros que expuseram suas conclusões sobre isso.
Os únicos que permaneceram intocados são aqueles que dizem seguir seu próprio caminho, mas intimamente são igualitaristas que se consideram os ponderados, os verdadeiros, os raiz.
Com esse texto eu espero ter ficado claro para os senhores o motivo de eu afirmar que o patriarcado não é solução pra nada. Muito menos o conservadorismo. Ambos levarão a civilização a perdição novamente, num ciclo de sofrimento sem fim, para no final não dar em nada.
Finalizando com uma de minhas famosas frases:
O homem justifica a sua própria escravidão. Diz que é feliz só porque é carcereiro de sua própria prisão.
Conclusão
Quero agradecer a cada um dos colaboradores que apoiam o meu trabalho aqui através do Picpay. Vocês fazem uma enorme diferença ao patrocinar o meu conteúdo e isso me motiva muito a continuar.
Isso era tudo o que eu tinha pra dizer, forasteiros. E lembrem-se: sigam o seu próprio caminho.