O Que Vem Depois da Red Pill: A Jornada Mais Importante (pt 2/3)
Quando se atinge uma consciência de si mesmo, este se torna o primeiro passo para entender o mundo.
Quando somos crianças, o que sabemos sobre o mundo é o que espelhamos em nossos pais. Quando adolescentes, buscamos entender o mundo através da via sensorial, e nos deixamos levar mais pela dopamina do que qualquer outra geração anterior, pois é a época de descoberta dos prazeres. Quando adultos, não há muito o que evoluir, já que registramos tudo o que precisávamos para viver no período da infância e adolescência.
Como já citei em outro artigo, não é culpa dos pais, da sociedade, da religião, etc. Isso está impregnado em toda a cultura moderna. A vida de todos praticamente é assim. A minha foi assim. A sua foi assim. É como as coisas são atualmente.
Para isso não tem como esperarmos alguma mudança significativa do mundo. O que podemos fazer, e a coisa mais importante a fazer, é ser consciente de si mesmo.
Se por um lado o mundo está acelerado, e quase não sobra tempo para nada, por outro lado desacelerar é tão fácil quanto. Não há nada absoluto nessa realidade em que estamos, tudo tem o seu duplo. Se não conhecemos, não quer dizer que não exista.
E é por isso que eu achei esse texto muito necessário para completar todo o meu raciocínio sobre a red pill.
Se você ainda não leu a primeira parte desse artigo, confira clicando no título abaixo. Esta é a sequência 2 de 3 publicações sobre a Red Pill.
RED PILL Sem Máscaras: Uma Lição Importante (pt 1/3)
https://link.medium.com/EqLZRBMTVgb
O ciclo da Red Pill
Eu costumo tratar a red pill a partir desses três itens que chamo de ciclo da red pill:
- Compreender quais das suas verdades foram previamente fabricadas;
- Desintoxicar-se dessas meias-verdades previamente programadas;
- Aplicar o aprendizado ao seu propósito;
Conscientizar-se da mentira é, também, conhecer a verdade
Recentemente eu postei o seguinte no twitter: O primeiro passo para se conduzir à verdade é saber identificar a mentira. Saber o que é, é antes disso, saber o que não é.

O que quis dizer aqui é que afirmar algo como verdade sem conhecer o que é falso, é apenas uma meia-verdade.
Alguém respondeu o tweet dizendo algo mais ou menos assim: “para saber se uma nota é falsa não bastaria conhecer todas as características da nota verdadeira em vez de conhecer todas as notas falsas?” (infelizmente quem escreveu o tweet privou a conta e eu não pude trazer a frase ao pé da letra). Exatamente quem definiu a nota como verdadeira já fez esse trabalho. Foram anos de tentativas para tornar a nota real mais verdadeira, mas ainda assim circulam notas falsas por aí, não? A falsa se parece muito com a verdadeira. Ainda mais com a tecnologia que temos hoje. O mesmo ocorre com obras de arte, acessórios, vestuário, dispositivos eletrônicos, e por aí vai. Será que tem como saber tudo o que é verdadeiro?
Creio que não. Mas o mais importante não é isso. O mais importante é o autoexame, i.e., a autoconsciência. A maioria das pessoas buscam entender a realidade de fora pelos elementos de fora. Esperam vir algum mestre ou professor que lhes indique o caminho, o que devem fazer, como devem proceder, e esquecem de fazer o principal: compreender a si mesmo.
Desintoxicar-se do mercado das verdades
Sem um profundo desejo de conhecer o seu próprio mundo interno, dificilmente conseguirá compreender o externo. E daí, por ignorar sua própria alma, vai pular de matrix em matrix, o tempo todo achando que tomou a red pill, mas na verdade só substituiu um sistema pelo outro.
Eu vi isso acontecer bastante nos espaços masculinistas. Primeiro eles se tornaram direitistas; depois se tornaram ANCAPs; depois se tornaram MGTOWs; depois juntaram uma coisa com a outra; depois cansaram e tomaram a “red pill” do tradicionalismo; então misturaram isso com fascismo; e tudo isso eu nem citei as inúmeras subculturas que foram surgindo.
Essas são as “fases”, eles dizem. Estão se descobrindo…
Acontece o tempo todo por causa da variedade de verdades que temos disposta nas prateleiras do mercado das verdades. O jovem toma a red pill da ideologia X ou da filosofia Y, e passa dias e noites lendo sobre aquilo. Entra no grupinho de telegram, do discord, e passa horas e horas da vida conversando sobre aquele assunto. E de repente… BOOM! Ele sabe tanto sobre algo que se autoproclama um especialista daquilo, e começa a tratar todos os que desconhecem aquilo que ele sabe como gados, macacos, etc.
Isso vai durar até ele ver outro pacotinho novo de verdades fresquinhas sendo posto na prateleira do mercado. Vai ser um “oh, MDS! Como eu passei tanto tempo sem enxergar isso?! Preciso consumir esse conteúdo o mais rápido possível! Eu não quero ser um macaco, né!”
E com isso, o jovem consoomer vai se degradando, envelhecendo, sem uma perícia básica de autoconhecimento e, acima de tudo, sem reconhecer o seu propósito. Ele vai terminar a vida como aquilo que ele mais odiava: um primata absorvedor de informações.
Reconhecer o propósito
Experienciar a alma é o caminho do reconhecer em si mesmo o propósito. É isso que sempre busquei falar aos meus inscritos nos meus tempos do canal do youtube voltado a homens que trilham seu próprio caminho.
E eu sei que para alguns parece muito difícil entender isso, e para outros parece algo infantil. Mas sem fazer um detox a nível de alma, será impossível para alguém reconhecer o propósito.
Ignorar a alma, os sentimentos, os pensamentos, é uma péssima ideia. É jogar a sujeira para debaixo do tapete. É fingir que o fogo da panela de pressão não está ligado. Afinal se ignoramos algo, este algo não existe.
Ignorando nossa alma acabamos por viver, na maioria das vezes, uma vida que não queremos, sendo amigos de quem não queremos, trabalhando em profissões que não queremos, casando com quem não queremos, fazendo atividades que não queremos…
E tudo isso para que? Para alcançar uma satisfação que sinceramente não queremos para agradar outras pessoas e se sentir reconhecido por elas.
Você, nesse exato momento, pode ser apenas uma cópia de outra coisa que também era uma cópia. Uma xerox da xerox. E o que acontece quando tiramos fotocópias das fotocópias? Elas vão perdendo a qualidade visual que o documento original tinha. As cópias das cópias vão ficando cada vez mais apagadas.
Aqui é apenas uma publicação no Medium, e então não quero me estender sobre esse assunto porque eu sei que ninguém vai ler. Ninguém lê mais de dez minutos de texto. Então, se você chegou até aqui, para você iniciar a sua jornada de autoconsciência, eu vou indicar um livro que eu e os membros apoiadores do meu servidor estamos estudando e discutindo juntos.
O livro é “Volta ao Lar — Como Resgatar e Defender sua Criança Interior” de John Bradshaw. Eu recomendei esse livro para os membros do meu servidor do Discord e todos ficaram impressionados com o conteúdo desse livro. John Bradshaw passou a maior parte da sua vida trabalhando como conselheiro tornando-se uma das pessoas mais notórias no campo da recuperação de famílias. Foi ele quem popularizou o termo “criança interior” (não sei ao certo se o termo foi cunhado por ele). Esse livro é excelente para o campo do autoconhecimento, principalmente pra esses tempos onde somos estimulados de tantas formas erradas desde nossa infância. Para os filhos de famílias problemáticas ou disfuncionais, esse livro é altamente recomendado. O PDF dele em português é muito facilmente encontrado na internet.
As fases do ciclo da red pill
Além da red pill, existem outras cores que, pouco importam na prática, mas como didática elas facilitam muito a identificar em que fase o sujeito pode estar. É um gráfico baseado nas fases do luto de Elisabeth Kubler-Ross — a médica psiquiatra que criou esse modelo.

Acredito que seja necessário deixar um aviso aqui: tudo o que você verá a partir de agora é uma interpretação minha. É provável que isso que irei tratar agora tenha discordâncias dentro da comunidade masculina como um todo. Então, aos fundamentalistas, por favor, não entenda isso como canônico, pois é estritamente pessoal. Aliás, poucas são as convergências como um todo, pois cada um parte de um ponto em comum e cada vez mais vai se pessoalizando.
Uma outra coisa a se atentar é que as fases, não necessariamente representam uma evolução de pill X para pill Y. O sujeito pode estar vivendo uma fase black pill junto a fase orange pill, por exemplo. Ou a purple pill com a blue pill. Todas elas se relacionam.
Blue Pill
Tudo começa na Matrix, esse é o mundo que chamamos de blue pill. Aqui você obedece as regras e dogmas que todos seguem de maneira cega e sem nenhuma consciência de que estão fazendo isso. Aqui dizem o que você tem que fazer para ter sucesso; em quem devem votar; com quem devem se envolver; qual profissão escolher; qual religião você vai seguir.
É um mercado fastfood de ideias e crenças. Apenas escolhe o seu pacote e siga, enquanto apenas o sistema como um todo se beneficia disso. Aqui você não é um indivíduo, aqui você é uma fração de um todo, de um coletivo, e que deve cumprir as exigências impostas por esse coletivo.
Nesse mundo é impossível você desenvolver uma consciência clara, pois você praticamente herda essa consciência. Você assume todas as opiniões como parte de quem você é. Sua cor, sua crença, sua profissão, sua aparência, seu poder aquisitivo — tudo isso serve para dizer qual é a sua identidade.
Aqueles que têm ainda algum poder de escolha, devido a cegueira, acabam por transitar entre os pacotinhos desse mercado, e às vezes ficam perdidos até encontrarem um pacotinho fastfood que seja gostoso, e aí passam a se alimentar e defender com todas as suas forças esse pacotinho.
Até que por algum choque de realidade, uma experiência que o sujeito teve, acabou por fazer com que ele tivesse um lapso de consciência. Essa anomalia no sistema ocorre diversas vezes, mas a maioria prefere ignorar isso e permanecer na ilusão por ser mais confortável seguir o sistema que criar o seu próprio meio de viver.
Yellow Pill
Após ser confrontado pela realidade, uma defesa instantânea do seu cérebro começa a agir feito um anticorpo, começa a achar que tudo é baboseira que, apesar de fazer sentido, você vive num mundo de regras, e regras são feitas para serem seguidas. Você vai negar o quanto puder, e se o choque de realidade for insuficiente para fazê-lo progredir, você vai voltar à fase blue pill. Esse estágio é a famosa dissonância cognitiva.
Orange Pill
A fase da orange pill é a raiva. É aqui que muitos se revoltam contra o mundo, e começam a enxergar que ele está afundando. Aqui o sujeito se sente injustiçado. Começará a enxergar o que o mundo fez com ele, mas ainda com certa esperança de mudança.
“Como eu pude acreditar nisso por tanto tempo? Como eu posso ter tido tal comportamento a minha vida toda sem saber?” — Ele vai pensar.
Nessa fase o sujeito vai se revoltar com os blue pills, vai atribuir a eles a culpa do mundo estar ruindo, e vai começar a xingá-los na internet. Vai se afastar de tudo e todos, porque agora ele sente que é o único que consegue enxergar a verdade… o mundo real.
Essa é a fase em que o jovem vai devorar todos os conteúdos da red pill que ele acredita ter tomado. Vai ler artigos, livros, entrar em grupos do telegram, e consumir tudo o que vomitarem pra ele sobre aquele conteúdo secreto que poucos tem acesso. Serão horas e horas sendo desperdiçadas no twitter discutindo com os blue pills. Serão horas e horas de vídeos no youtube assistidos sobre essa verdade que estranhamente só alguns poucos conseguem enxergar.
É nessa fase que o sujeito conhecerá o GRANDE INIMIGO dessa nova ideologia. Em toda narrativa existe um big boss, alguém que será o bode expiatório, e que servirá como alvo desafeto do orange pill, onde ele poderá despejar toda a sua raiva contida nesse novo mundo de verdades.
Nessa fase costuma-se se perder durante um bom tempo, já que a raiva é uma emoção muito presente na construção do inconsciente das pessoas. Todos odeiam algo. E a intenção dessas verdades fastfood é sempre apontar um inimigo para que os adeptos dessa onda de pensamento possam usar à vontade de maneira catártica.
Purple Pill
O estágio da Purple Pill é o estágio da barganha ou negociação. Aqui o sujeito sente que a raiva estava o consumindo, então precisou fazer concessões para manter a sanidade.
Agora ele se tornou um homem de pensamento mais ponderado. Ele precisava disso para organizar os pensamentos.
Aqui ele quer se tornar uma pessoa melhor, uma pessoa vista por outras como alguém que pode falar ideias ponderadas e que não choquem muito. A raiva ainda está dentro dele, só que com maior controle, pois encontrou alguma coisa para se apoiar. Essa coisa pode ser uma religião, uma filosofia, ou algo não muito acessível para o público em geral.
Por exemplo, ficar discutindo qual sistema político é melhor; qual religião é melhor; se a terra é plana, convexa, oca ou redonda. Quais sistemas sociais o mundo deveria acolher.
Sim, ele ainda pensa poder fazer algo pelos outros antes de si mesmo. Encontra satisfação tendo a validação de um grupo pela sua intelectualidade, pelo seu carisma. Diz que o mundo é uma porcaria, mas que precisamos fazer o bem uns para os outros, melhorar o nosso mundo através de um sistema que faz muito sentido na sua cabeça.
Ele quer fazer parte de algo maior, pois isso alivia a sua dor. A construção de um mundo melhor, um mundo que faça mais sentido para ele. Um mundo onde possa encontrar a mulher unicórnio, o emprego unicórnio, a ideologia unicórnio…
Tudo isso serve para ele se sentir aceito num grupo, ser validado ainda que seja num pequeno coletivo, enquanto luta contra o mundo atual, pois seus esforços dizem muito sobre quem ele é.
Essa fase costuma ter um longo prazo ou até mesmo ser a última fase para a maioria, pois o sentimento de superioridade alimenta muito bem o ego dos purple pill, pois acreditam que chegaram ao fim da jornada, e descobriram a verdade, logo são mais inteligentes que os demais. Nessa fase a maioria dos intelectuais, inteligentinhos, políticos teen, beautiful people estão.
Black Pill
Porém, em algum momento da vida, as coisas não seguem como deveria. Parece que todos os seus esforços estão sendo desperdiçados em algo que nunca dá certo. O cara nada, nada e nada e morre na praia.
Isso começa a trazer um sentimento de melancolia e autoculpa. Ele começa a se achar impotente diante do mundo, seja por sua inteligência, sua aparência, e não consegue mais se encaixar mesmo no grupo pequeno que ele mesmo escolheu.
Nada do que ele faz irá mudar a realidade. Sim, ele era um idealista, imaginava como o mundo seria bom com o esforço e ajuda de todos, mas percebeu que toda essa luta não teve resultados expressivos.
Aqui, na blackpill, o sujeito chega no fundo do poço. O seu nível de compreensão não é muito diferente de um blue pill, com a diferença que o blue pill ainda vê a vida com mais otimismo, enquanto o black pill vive na desesperança e no vazio, pois a vida não faz mais sentido, nada irá mudar.
É possível que ele assuma essa identidade de “blackpiller”, e diga que apenas vê a realidade como ela é: nua e crua. Se você não enxerga que esse mundo é uma desordem e nada faz sentido, é porque você é um burro.
Green Pill
É o estágio da pura e simples aceitação. Uma espécie de black pill mais saudável. O sujeito aceita que nada vai mudar, e se tudo está como deveria estar, e se ele não pode fazer nada para mudar, é melhor aproveitar enquanto pode. Talvez até torcendo que tudo desmorone mesmo.
Aqui é um prato cheio para o retorno aos velhos hábitos também. Se o blue pill busca os prazeres e bem-estar, o green pill também faz isso, apesar de desacreditar no mundo mágico do blue pill.
O mais importante nessa fase é sobreviver, ter as suas coisas, viver a sua vida buscando apenas o bem-estar material, suprindo seus desejos e necessidades que considere essenciais. O green pill busca focar-se em coisas que vão lhe dar prazer e satisfação, normalmente recorrendo a atividades que o distraiam como vídeo games, animes, mangás, filmes, séries, hobbies em geral.
O mundo lá fora pode estar pegando fogo, contanto que não mexam naquilo que é dele. Esse é um estágio de egoísmo utilitário e na busca de atividades que gerem prazer e satisfação material.
Autorrealização
No gráfico eu coloquei a autorrealização como uma fase também. Ela deve ser encarada como uma fase dentro dos campos da sua vida, seja ele profissional, relacional, familiar, intelectual, espiritual, e por aí vai.
Como o próprio nome sugere, a autorrealização, ou a realização do eu, é a concretização do seu propósito. Só é possível realizar-se quem tem a clareza de missão de vida para desenvolver os aspectos que necessita para cumprir o seu propósito.
Isto é o máximo que vou falar sobre propósito nesta publicação, para falar sobre ele mais pra frente, dedicando um post apenas para isso.
O importante é entender o gráfico como algo mais dinâmico do que por uma ótica de evolução de estágios. A mente não funciona como conteúdos separados em caixinhas. Os conteúdos se inter-relacionam.
Meu objetivo aqui é que você possa identificar em que áreas da sua vida você precisa melhorar, revisando suas atitudes e vendo em qual pílula elas devem estar encaixadas. Identificar é conhecer, e conhecer é liberdade… Liberdade para tomar escolhas conscientes ressignificando o seu passado e abrindo portas no presente para um futuro, seja lá ele qual for.
Conclusão
Quero agradecer a cada um dos colaboradores que apoiam o meu trabalho aqui através do Picpay. Vocês fazem uma enorme diferença ao patrocinar o meu conteúdo e isso me motiva muito a continuar.
Isso era tudo o que eu tinha pra dizer, forasteiros. E lembrem-se: sigam o seu próprio caminho.
RED PILL Sem Máscaras: Uma Lição Importante (pt 1/3)
https://link.medium.com/EqLZRBMTVgb
O Que Vem Depois da Red Pill: A Jornada Mais Importante (pt 2/3)
https://link.medium.com/W0bymTNTVgb
A Red pill não é o mesmo que iberdade (pt 3/3)
https://link.medium.com/WXXFCk3iUgb
Como Acessar o Meu DISCORD Se tornando um Apoiador: https://www.mgtow.tv/v/Vnlqr1
Picpay: https://picpay.me/angryfoxpilgrim
Twitter: https://twitter.com/angryfoxpilgrim