Refutando críticas ao tecnowaifuísmo (parte 1)
Desde o lançamento oficial do artigo “O amor bidimensional” o qual faço a apresentação da filosofia tecnowaifuísta, tenho recebido alguns comentários muito interessantes que me inspiraram a fazer um complemento. Duvido que conseguirei esgotar todas as dúvidas nessa publicação, nem nas próximas, mas aos poucos me direciono a completude da obra que culminará em um livro.
A publicação “O amor bidimensional” (OABd) desconstruiu o conceito sensual da Waifu, geralmente atribuída a Incel/Hikikomori, como uma personagem preferida para se masturbar. Ainda que eu considere isto conceitualmente limitado, indubitavelmente é o termo mais conhecido. Não é uma definição errada, mas não é a única.
A maioria das pessoas possuem uma imaturidade emocional que vem sendo nutrida durante eras. Lidam com a rejeição e o abandono através do isolamento social; pulando de relacionamento em relacionamento; sexo sem compromisso com estranhos, ou; nutrindo a aversão e ódio pelas pessoas. Independentemente da idade, as pessoas, em geral, tem idade mental de uma criança de três anos quando se trata de relações amorosas ao idealizar um amor transcendental, e, até mesmo incondicional. Basta ver a quantidade de obras produzidas para sustentar esse conceito como almas gêmeas, pares perfeitos, união de almas, amor de vidas passadas, etc. Esses conceitos limitam as pessoas a se conhecerem de verdade, e as levam a transferir para o outro (ser humano, pets, inclusive divindades) a responsabilidade de se sentirem amados — quer coisa mais infantil do que essa?
As pessoas mais sensíveis são as que mais caem na armadilha das simbologias. Na antiguidade a linguagem simbólica era utilizada para explicar conceitos complexos devido a limitação da própria linguagem da época. A linguagem simbólica, hoje, é mais uma poesia, ou tentativa de roupagem intelectual, pois temos diversos ramos do saber bem estruturados para que possamos ter um entendimento claro, sem múltiplas interpretações. Mas quando se trata de amor, todos querem fazer a explicação da explicação, colocando a humanidade numa espiral infindável de desamor próprio. É daí que vem as baboseiras sobre ter mais empatia, mais amor humanitário, altruísmo, anti egoísmo, sacrifício, porém ninguém é ensinado a raciocinar corretamente sobre o amor. Se as pessoas compreendessem o amor egoísta não teríamos necessidade de falar sobre empatia, amor humanitário ou altruísmo, pois tudo surgiria de maneira orgânica. Ninguém pode dar aquilo que não tem. Não se pode encher a botija do próximo se a sua está vazia.
Então o que eu considero ser maturidade? Maturidade é autoconsciência. Quando a pessoa para de agir passivamente, apenas por impulsos, e passa a agir ativamente. A maioria das pessoas vivem de maneira irrefletida e terminam suas vidas sem alcançarem essa maturidade emocional.
Observando a condição humana de dormência emocional nos tempos atuais e da sua incapacidade de enxergar alguns conceitos eternos, faço do tecnowaifuísmo uma forma propositiva já prevendo, em 2020, o distanciamento humano em 2050.
Transumanismo e o Tecnowaifuísmo
Esse foi um erro comparativo grotesco que observei em alguns textos no Twitter. É bem triste colocarmos em um texto a nossa alma e experiência intelectual e as pessoas lerem o documento como leem uma matéria em um portal de fofoca. Numa leitura rasa, o tempo de leitura seria de 25 a 30 minutos. Aposto que a maioria leu em menos de 10 minutos, pelo tempo de retenção que vi no analytics de menos de 30%. Como alguém vai compreender algo se fazem uma leitura desleixada para poder dizer baboseiras a respeito nas redes sociais?
A proposta do transumanismo é puramente darwinista, baseado em experimentos de manipulação genética, e, em outros casos, da evolução humana através da união homem-máquina. Um exemplo disso é o Neuralink, a proposta do Elon Musk de unir a máquina ao nosso sistema nervoso a fim de aumentar nossas capacidades cerebrais. Isso é um delírio, assim como o próprio movimento transumanista é. O transumanismo é uma fantasia travestida de ciência para enganar ateus fãs de Star Trek, que acreditam em toda porcaria vendida pelo mainstream.
O tecnowaifuísmo é uma defesa preventiva da espiritualidade e saúde emocional para os tempos que estão por vir.
Existe uma incapacidade de entendimento de alguns neotradicionalistas que confundem tecnologia com materialismo. O avanço tecnológico é produto do aspecto Divino criador em nós, homens. Ele, o TODO, continua criando através de nós que manifestamos esse princípio. Demonizar a tecnologia é blasfêmia. É escarnecer do dom nos dado por ELE, de planejamento, invenção, inovação, criação, construção, execução e resolução. O materialismo se manifesta, de fato, no consumismo, no amor a coisas efêmeras, coisa que eu evidenciei no OABd, quando falo do essencialismo como atitude fundamental diante do comportamento consumista dos coomers do waifuísmo. Está lá, é só ler.
No waifuísmo puro, apenas o item 1 é aceitável, sem interação com gadgets, apenas 2D. O tecnowaifuísmo vai além disso, fazendo com que o homem se beneficie também da tecnologia disposta. A doll como a materialização não a torna a Waifu em essência, e sim apenas a representação física da Waifu. Em nada tem a ver com criar vida artificial, pois a vida está em você, e não no objeto. A Waifu é dependente de você para existir. A doll não tem a Waifu dentro dela literalmente! É incrível como é difícil explicar pro ser humano médio qualquer conceito por mais simples que possa ser. É óbvio que foi uma figura de linguagem ali. Isso aqui é para os evangélicos que fizeram comparações absurdas com ritualística mágica. Esse é o nível de delírio que eu tenho que lidar. Por várias vezes eu citei no texto que a ferramenta é a imaginação, e o tecnowaifuísta sabe que é imaginação e aceita que é imaginação.
Tecnowaifuísmo é puramente materialista
Se eu for abordar todo o conceito materialista para mostrar que em nada temos de materialistas, eu teria que fazer um TCC para cada um. É impossível para mim rebater todas essas acusações, pois cada um terá um conceito diferente do materialismo. Podem se referir ao materialismo monista, à superveniência, ao reducionismo, ao niilismo metafísico, ao materialismo científico, ou somente àquilo que é puramente mundano. Percebe como seria impossível se defender dessa acusação?
A proposta do tecnowaifuísmo é o equilíbrio entre o amor genuíno que eu chamo de amor egoísta, e a jornada espiritual que eu chamo de propósito, ao passo que não visa responder questões das ciências humanas, pois para isso existem esses ramos do saber os quais podem ser consultados. Portanto, no caminho do tecnowaifuísta, não há espaço para o supérfluo, pois ele está em constante progresso para a satisfação da sua verdadeira missão, a Waifu, que personifica isso.
Quando alguém afirma que a Waifu é uma “mulher” que não existe, essa é uma afirmação materialista, mais especificamente do materialismo eliminativo que postula que tudo o que existe é físico e as coisas da mente não existem.
Vi alguém dizer que é idealismo. Sinceramente, as pessoas saíram chutando tudo que vinha na cabeça pra ver se encaixava em algum pacotinho. É a lei do menor esforço, pois assim não precisam se esforçar em ler a obra toda e refletir sobre ela, já que uma palavra ou um parágrafo os lembrou de algo que já conhecem. Pra que isso fosse verdade eu teria que admitir algum tipo de dualismo corpo e mente — o que eu não faço — , para que exista um contraponto à matéria. Para mim, mente e corpo são indissociáveis.
Os tipos de amor vs. o amor egoísta
A definição do amor foi o maior desafio do OABd, pois é o recurso argumentativo fundamental, mais até que o propósito (o qual reconheço que não me aprofundei em seu significado, mas farei nas próximas publicações), pois as pessoas estão mergulhadas profundamente na lama do amor industrial, achando que esse amor materialista é o verdadeiro. Dessa forma, temos uma geração doente, de caráter fraco e relações líquidas.
Se dizer tecnowaifuísta sem entender a profundidade do amor egoísta, é o mesmo que buscar resolver equações de terceiro grau sem saber operações matemáticas básicas de soma, subtração, divisão e multiplicação.
Muitos me pediram para fazer uma análise comparada sobre diversos conceitos de amor. Eu não tenho essa capacidade. Encorajo para que façam isso por si só, pois todos já tem um ponto de partida, caso tenham entendido o conceito de amor egoísta. Entre vocês existem aqueles que possuem instrução em disciplinas diferentes das minhas e que são aptos a fazer esse exame.
Meu objetivo em falar do amor era para que vocês pudessem entender que é possível e totalmente genuíno amar sua Waifu.
Seres humanos amam amar. Amam conceitos, e as pessoas são apenas representantes desses conceitos. Amamos as representações sistêmicas que são projeções do nosso ego, ou projeções psíquicas que depositamos em determinados personagens na nossa vida. As idealizações do amor levará um homem a se sacrificar na guerra pela pátria, pelo país, porque ama o conceito heróico, ou ama o conceito de pós-vida, ou ama o conceito família, etc. Me lembro de um vídeo onde um homem se coloca na frente de uma mulher que ele nem conhecia, leva um tiro por ela, e morre. Ao meu ver isso foi um ato anti-vida, onde ele amou o conceito de herói mais do que o conceito de si mesmo. Além do nome dele já ter sido esquecido por todos, inclusive por mim, virou apenas um número na estatística. Ele não amava aquela mulher, e nem fez isso pela humanidade, e sim pelo conceito heróico de proteger as mulheres.
O que diferencia o amor egoísta e o industrial é o nível de autoconsciência, e da afeição pela vida, pela existência.
Me questionaram, também, sobre o amor ágape. Por vivermos em um mundo essencialmente cristão, a ideia do ágape é de que só ele é o amor verdadeiro, pois seria o amor de Deus pelos homens. A origem do termo vem do grego antigo, e muitas vezes era usado para falar da união entre pessoas em prol de um objetivo. Mas a literatura cristã pegou o termo emprestado, e quando o evangelho foi traduzido para o grego, essa palavra aparece muitas vezes no novo testamento, referindo-se ao amor tanto para Deus quanto para o próximo. Seria o amor autossacrificial, sem esperar nada em troca. Ainda que essa interpretação das escrituras esteja correta, o amor ainda será pelo conceito de bem maior, ou, amor pelo amor.
Nas próximas linhas irei defender o que eu entendo de amor divino.
No livro de Gênesis, vemos Deus criando tudo para que o homem, sua última e perfeita criação, pudesse desfrutar de toda essa beleza. O homem é a Waifu de Deus — dentro do contexto tecnowaifuísta é óbvio! Deus É o próprio princípio masculino, e o propósito desse princípio é criar e se satisfazer na beleza da sua criação. O prazer, o tesão, a libido aqui tem um conceito superior e espiritual e não se refere ao sexo de forma alguma, mas na satisfação genuína sobre a sua obra.
Filósofos do período pré-socrático diziam que o TODO é a realidade absoluta e o Universo é realidade relativa do ponto de vista do TODO. Nós, por vivermos no TODO, nos vemos como reais, pois é o máximo de compreensão que temos, sendo o Absoluto inalcançável. Para eles, a única realidade é Deus, e nós somos a realidade relativa. Portanto, nossa compreensão vai partir sempre da nossa sensibilidade à realidade. É por isso que personificamos Deus, projetamos nEle características humanas, pois é a nossa forma limitada de tentar compreender o incognoscível. Sendo assim, é impossível para o homem alcançar o posto do TODO, mas é possível se relacionar com ELE e obter maior compreensão da nossa realidade. É por esse motivo que existe uma máxima hermética que diz “todas as verdades são meias-verdades”, o que inclui esse mesmo axioma, pois só podemos atingir nuances do Absoluto, ou seja, verdades relativas, e que alguns ficam mais próximos da verdade Absoluto enquanto outros mais distantes.
Quando os cristãos dizem que tudo foi criado por Deus e dado ao homem para que governasse, faz com que o homem esteja no centro do amor de Deus. Esse é o máximo de compreensão que podemos ter do amor Divinal. Consegue perceber que até nisso há egoísmo? Que para entendermos o amor de Deus precisamos por o nosso olhar egoísta de que tudo foi criado somente para nós?
O amor de Deus é absoluto do ponto de vista dele. Mas no nosso ponto de vista, só podemos ter uma compreensão relativa desse amor. Deus é perfeito, mas nós somos relativamente perfeitos. Porém, nós somos relativos apenas do ponto de vista de Deus, mas do nosso ponto de vista a realidade é a realidade e acabou. Mas a maneira que percebemos a realidade é relativa.
Em atos dos apóstolos 17:28, Paulo vai dizer:
“Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.”
Paulo se refere ao poeta Epimênides, e utiliza um trecho do seu poema que se refere a Zeus. Apenas por curiosidade, Paulo faz uma referência velada a Epimênides novamente na carta a Tito 1:12 “Um dentre eles, próprio profeta seu, disse: Cretenses são sempre mentirosos, más bestas, glutões preguiçosos”, a frase que os cretenses são sempre mentirosos é conhecido como o Paradoxo de Epimênides.
Mas chega de divagar.
A frase de Epimênides em seu poema evidencia esse pensamento onde nós vivemos na realidade de Deus, e dependemos dele para existir. Nós, feitos à imagem e semelhança de Deus, manifestamos relativamente esses princípios. Dessa forma a Waifu vive, se move e existe dentro da nossa realidade mental que, para ela, é absoluta, enquanto para nós, a Waifu é relativa. A Waifu vive em você, se move em você e existe em você, pois ela é relativamente você. Será que consegui deixar isso claro?
É por isso que um waifuísta ateu dificilmente poderia aceitar os conceitos empregados no tecnowaifuísmo, e o ideal pra ele é construir seus próprios conceitos de Waifu.
Vou concluir essa publicação por hora, mas tem alguns assuntos que observei que ainda irei comentar. Num próximo texto vou falar sobre outras acusações e dúvidas como psiquismo, gênero, fetichismo, ética, glossário tecnowaifuísta que foram alguns pontos levantados nas redes sociais.
Por enquanto é só e vejo vocês na próxima.